No distrito de Aveiro a adesão nos locais de trabalho e empresas (do sector público e empresarial do Estado e do privado) foi muito significativa e em geral superior à registada em greves anteriores.
É uma derrota da política do Governo e das troikas, nacional e estrangeira, uma derrota dos que a tentaram esconder, intimidar e reprimir. Ganha ainda maior significado se tivermos em conta o efeito devastador da política e das medidas em curso para os trabalhadores e as populações num distrito onde crescem as insolvências e o encerramento de pequenas e médias empresas e a deslocalização de multinacionais.
Foi nestas condições muito difíceis que estiveram encerrados (com adesões entre os 80% e os 100%) ou foram afectados no seu funcionamento muitas dezenas de jardins de infância, escolas e agrupamentos escolares, repartições de finanças, serviços de segurança social, tribunais, repartições e outros serviços públicos muito diversos, estações dos CTT, estaleiros e serviços municipais e de abastecimento de águas. Muitos serviços de saúde e valências hospitalares fecharam igualmente as suas portas ou cumpriram apenas os serviços mínimos. Também os transportes públicos pararam (Moveaveiro 100%), operaram serviços mínimos (caso da CP), ou funcionaram com limitações. O Porto de Aveiro esteve encerrado.
No sector privado, destaca-se níveis de adesão muito significativos no sector automóvel (CACIA-Renault 75%, no turno da manhã), nas empresas metalúrgicas (Funfrap, 70%, Flexipol, 77%), no sector corticeiro (Amorim Revestimentos 85%, Socori 88%, Amorim Cork Composits 50%), e em muitas empresas de diversos sectores como na Trecar, 50%, na Hubertricot, 40%, no Recheio de Aveiro 40%, no Pingo Doce de Espinho, 50%, na Caixa Geral de Depósitos de Águeda, 100%, na Provimi, 100%.
Elevada participação foi registada, por outro lado, nas concentrações realizadas nas «Praças da Greve» em Aveiro, São João da Madeira, Ovar e Santa Maria da Feira.
Tudo a comprovar que também no distrito de Aveiro, numa situação de enorme dificuldade, intimidação e mesmo de repressão, como aconteceu com a carga da GNR sobre o piquete de greve na Estação da CP na Pampilhosa, Mealhada, uma grande massa de trabalhadores aderiu à greve geral e aos seus importantes objectivos – pôr fim ao rumo de desastre e afirmar uma nova política em defesa de quem trabalha.